quinta-feira, 13 de julho de 2023

Meu lírico, teu cinema #01 - O olhar como afirmação do amor.

Inauguro, em homenagem aos olhos de um grande amor, minhas postagens com meus textos de cinema feitos de prelúdio sentimental e sinopses instigantes.

A natureza do corpo feminino em todo seu esplendor sempre fascinante,  não diz nada, o corpo apenas existe, ou se diz, ponderamos em obsessões e todas suas formas fisiológicas refletidas no corpo. Muito diferente são os olhos, essas câmeras vítreas envoltas pela córnea, é o segmento anatômico mais poético do corpo. Ao olhar atento os olhos de alguém, vemos a poesia sendo construída sem a necessidade de versos. E particularmente, olhos grandes e curiosos que me acossam e me fazem centro do universo, são os meus preferidos, extremamente apaixonantes. Tive um grande amor envolto em um olhar, desde então me pego pensando, entre o clichê da janela da alma ou a minha versão que o olhar é platéia de uma pessoa só para o espetáculo da minha existência. O olho curioso da mulher amada, para mim é como se eu subisse em um palco para uma primeira apresentação artística, e na platéia tivesse aparecido só ela, efervescente solitária como se tivesse vendo uma obra de Shakespeare. O olhar é o melhor Eu Te Amo. E os meus olhos míopes, onde entram nisso? Será que na falta de córneas perfeitas eu me apaixonei pelo o palco de retinas tão lindas daquela mulher? Prelúdio sentimental posto, vamos a sinospe: 

O desejo de fazer um documentário sobre o "olhar" através das deficiências visuais inspirou os míopes João Jardim e Walter Carvalho a produzirem o encantador filme Janela da Alma


Walter relatou que, ao pensar no roteiro, a pergunta inicial era: que tipo de personalidade os entrevistados – escritores, cineastas, fotógrafos – tinham formado na vida, a partir dessa “cegueira”, dessa necessidade de enxergar com óculos? Mobilizado por esta curiosidade inicial, optou por fazer um ensaio sobre a capacidade de enxergar o mundo de maneira enriquecedora, apesar de uma afecção tida geralmente como obstáculo, como a miopia ou a retinose pigmentar.

O filme procura mostrar de qual forma a deficiência visual tem sido vivida como eficiência por muitos artistas que precisam do “olhar” para criar.
As pessoas não sabem mais ver, pois não têm mais o olhar interior. Vive-se um tipo de cegueira generalizada (Depoimento do fotógrafo Evgen Bavcar; cego).
São depoimentos reflexivos de algumas figuras emblemáticas da cultura artística: Saramago, Manoel de Barros, João Ubaldo, Win Wenders, Evgen Bavcar, Walter Lima Jr, Marieta Severo, Antonio Cícero, Paulo César Lopes, Arnaldo Godoy, Marjut Rimminen, Hermeto Paschoal e, também, Oliver Sacks (neurologista britânico conhecido na área médica por ter escrito livros em que conta interessantes casos clínicos romanceados).
Os olhos são a janela da alma, o que vemos é mudado pelas nossas emoções... desespero, conhecimento, eu não posso ver, mas posso ver, vejo com os olhos da mente.(Oliver Sacks)
Revelações fantásticas destes portadores de doença ocular chamam a nossa atenção para as particularidades do viver, fazendo-nos um convite a enxergar o que não vemos.
“E se fossemos todos cegos? Cegos da razão, cegos da sensibilidade, cegos de tudo aquilo que faz de nós não um ser funcional no sentido da relação humana, mas ao contrário, um ser agressivo, egoísta, um ser violento. E o espetáculo que o mundo nos oferece é justamente esse, um mundo de desigualdade, de sofrimento, um mundo sem justificação. Podemos até explicar o que se passa, mas não tem justificação.” (Depoimento do escritor José Saramago).

Se expandir-se é enfrentar o próprio limite, o que de fato amplia a visão é também o que a impede, é a necessidade de ver além que nos faz buscar sentido no invisível.

Dedicado aos olhos grandes e curiosos que de tão perfeitos, se fecharam antes da última cena. 

Grajaú - São Paulo 
5 de maio de 2023



Retorno da solidão.

Inebriado estado de escrita, a vida vai muito mal quando a ponta do lápis quebra no meio de um poema, quando sua cachorra fiel companheira espera seu regresso das desventuras na selvade um grande amor. Ao revisitar este blog me deparei no meu mais profundo estado de graça diante as palavras. Deixo para trás apenas 2 textos fundamentais para a rota dos navegantes curiosos que chegaram até aqui (não confie no mapa). E retomo com o meu singelo poema preferido. Um poema de despedida, um poema indefinido, de espera e ausência. Solidão é melhor do que nada. 

Abraço despido
Cheiro disperso
Epílogo indefinido 
Tua ausência em meu verso. 

11 de agosto de 2019 
Avenida São Paulo 
Londrina

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Eis que a solidão em sua forma mais crua aparece, oferecendo seu lombo esfumacento para montaria, sim a solidão delirante em certos dias tem tronco, membros, cabeça. Uma espécie de monstro acinzentado que ronda os dias mais melancólicos. Mas veja bem, falo de um certo tipo específico de solidão, a delirante. A singela solidão de trejeitos com a sabedoria, o ócio criativo e a meditação é outra. Falo de um vazio que não se ocupa de nada, um espaço morto, onde nada que é belo perfunde, a menos que seja a nostalgia. A dor do que eu não vivi, do que eu vivi, do que eu poderia ser é a sela desse monstro cinza. Subo nessa loucura galopante e  me transporto para devaneios tão tristes que me dão vontade de viver. Me pego pensando como seria se Ela estivesse aqui ao me lado daqui há 10 anos, não agora, o espaço morto não perfunde, mas depois, como seriam nosso filhos, nossos domingos, me transporto para paz desse futuro que só a melancolia de hoje pode me proporcionar. De repente, o monstro muda a trajetória dos devaneios, me pego em um lugar onde estudei mais, me dediquei mais, escrevi mais. Tudo mais, mais mais, como se eu fizesse de menos, como se vivêssemos de menos, é esse tipo de esperança que a melancolia te dá. Mas por enquanto bebo desse lugar deslumbrante, pois me parece única forma de felicidade do momento, e vou, para um lugar bem sucedido, um lugar bem melhor que aqui, agora, em frente ao espelho.

Pensamento inicial das fábulas lindas e tristes de tudo o que eu poderia ser, ou nada.

sábado, 24 de agosto de 2019

"Quando o temor e a tristeza persistem por muito tempo, é um estado melancólico" 
Hipócrates

Daí surge a a bili negra (atrabilis). Um humor natural do corpo que expressa, quando a isonimia está comprometida, um estado de melancolia.

Meu lírico, teu cinema #01 - O olhar como afirmação do amor.

Inauguro, em homenagem aos olhos de um grande amor, minhas postagens com meus textos de cinema feitos de prelúdio sentimental e sinopses ins...