quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Eis que a solidão em sua forma mais crua aparece, oferecendo seu lombo esfumacento para montaria, sim a solidão delirante em certos dias tem tronco, membros, cabeça. Uma espécie de monstro acinzentado que ronda os dias mais melancólicos. Mas veja bem, falo de um certo tipo específico de solidão, a delirante. A singela solidão de trejeitos com a sabedoria, o ócio criativo e a meditação é outra. Falo de um vazio que não se ocupa de nada, um espaço morto, onde nada que é belo perfunde, a menos que seja a nostalgia. A dor do que eu não vivi, do que eu vivi, do que eu poderia ser é a sela desse monstro cinza. Subo nessa loucura galopante e  me transporto para devaneios tão tristes que me dão vontade de viver. Me pego pensando como seria se Ela estivesse aqui ao me lado daqui há 10 anos, não agora, o espaço morto não perfunde, mas depois, como seriam nosso filhos, nossos domingos, me transporto para paz desse futuro que só a melancolia de hoje pode me proporcionar. De repente, o monstro muda a trajetória dos devaneios, me pego em um lugar onde estudei mais, me dediquei mais, escrevi mais. Tudo mais, mais mais, como se eu fizesse de menos, como se vivêssemos de menos, é esse tipo de esperança que a melancolia te dá. Mas por enquanto bebo desse lugar deslumbrante, pois me parece única forma de felicidade do momento, e vou, para um lugar bem sucedido, um lugar bem melhor que aqui, agora, em frente ao espelho.

Pensamento inicial das fábulas lindas e tristes de tudo o que eu poderia ser, ou nada.

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